dimanche 2 janvier 2011

Depoimento de Manuel Alegre para o Portugal Post

Estão em causa várias questões decisivas para a nossa democracia em Portugal. Na situação de crise que vivemos na Europa e em Portugal, estou convencido de que um Presidente da República (PR) pode fazer a diferença e ser um factor de mudança. Pode até ser uma alternativa, não de governo, porque o PR não governa, mas de atitude, de pensamento, de palavra. Candidato-me por isso por uma outra visão do nosso país e do seu papel no mundo e na Europa.
No meu Contrato Presidencial elenco os eixos das minhas propostas, das quais destaco o meu compromisso para com o Estado Social e a necessidade de um novo fôlego para a construção Europeia. Em Portugal, vivemos uma crise sem paralelo, mas apesar das medidas de austeridade os mercados financeiros não acalmaram. A crise tem também um fundamento económico, mas não podemos viver sob a ameaça de ciclos sucessivos de recessão e austeridade. A questão é que a crise é essencialmente uma crise de organização política, que se transformou numa crise social graças à ausência de regulação dos mercados financeiros, ao desemprego elevado e ao ataque ao Estado Social. Por isso a resposta à crise não é só económica, tem de ser política. A recuperação durante os próximos anos só será possível com a cooperação institucional de um PR mais activo e que tenha o poder da palavra. O papel de um PR é fundamentalmente o de mediador, político e social, papel ainda mais premente numa situação de crise económica e social. Portugal precisa de um plano de crescimento económico, de melhor aproveitamento do mar, da terra, dos seus recursos endógenos; de políticas de emprego e investimento, de criatividade, inovação tecnológica e social. Precisa de aumentar e diversificar as exportações, sobretudo em produtos com valor acrescentado. E de recuperar e valorizar os seus diferentes patrimónios, a cultura, a língua, as paisagens, a fauna, a flora, a biodiversidade, tudo aquilo que afirma a singularidade de um país que é muito maior do que o seu pequeno território, mas que, pela língua e pela História, pode e deve ser no Mundo um actor global.

É preciso também compreender que cabe ao PR ser uma voz portuguesa na Europa. Quando aderimos à Europa - e fizemos bem em aderir à Europa - aderimos a uma Europa com coesão social, uma Europa como projecto de cidadania. Não a uma Europa regida por lógicas monetaristas, em que o império dos mercados se sobrepõe à própria democracia de cada país. Não está escrito em lado nenhum que a superação do drama da crise europeia não possa iniciar-se com vozes vindas das periferias. A Europa tem de voltar a ser um projecto político, um projecto de sociedade e civilização. É necessário um novo fôlego para a construção europeia.
O PR tem de considerar de igual modo tanto os Portugueses que vivem no país como todos os que estão espalhados pelos quatro cantos do mundo, mas não esquecem a sua pátria e as suas origens e anseiam por um reconhecimento mais expressivo por parte de Portugal. As nossas Comunidades espalhadas pelo mundo constituem um potencial riquíssimo para Portugal, um elo de ligação que precisa de ser mais valorizado pela nossa sociedade e poderes públicos. Na construção Europeia, no desenvolvimento socioeconómico de cada país e no fomento proactivo dos laços com Portugal, os portugueses a viver e a trabalhar no estrangeiro têm desempenado um papel fulcral. Assumo, por isso, o compromisso de representar os Portugueses que se encontram a viver e a trabalhar no estrangeiro, defender os seus interesses e valorizar e reconhecer as suas múltiplas dimensões - social, económica, cultural e política. Em democracia somos todos chamados a construir, permanentemente, esta grande nação que é Portugal. Confio por isso no vosso patriotismo e apelo à vossa participação na próxima eleição presidencial.

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