lundi 24 janvier 2011

Em democracia não é vergonha perder, vergonha é fugir ao combate



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Amigos, companheiros e camaradasMuito obrigado pelo vosso afecto e pelo vosso apoio, sobretudo neste momento. Acabei de felicitar o candidato vencedor e desejar-lhe as maiores felicidades no exercício do mandato para que foi reeleito. Assumo pessoalmente esta derrota. Rejeito qualquer comparação com outras eleições. Cada eleição tem a sua dinâmica própria. Sempre valorizei a diversidade das candidaturas e nunca fiz qualquer apelo ao voto útil. Não é no momento de apuramento de resultados que vou mudar de opinião.
O meu objectivo era a passagem à segunda volta. Não consegui e por isso assumo a derrota. A derrota é minha, não é daqueles que me apoiaram.
Agradeço a todos os que se mobilizaram e empenharam por esta candidatura, no continente, nas regiões autónomas e também nas comunidades portuguesas, onde, sobretudo na Europa, obtive um resultado superior ao do continente.
Saúdo o Partido Socialista e sobretudo, muito especialmente, o meu camarada José Sócrates. Saúdo o Presidente do Partido Socialista e meu querido amigo Almeida Santos, que desde o princípio e em muitas ocasiões e em muitos comícios esteve, com a juventude do seu espírito, sempre a meu lado. Saúdo o Bloco de Esquerda, o seu coordenador Francisco Louçã e o Jorge Costa, que juntamente com o Duarte Cordeiro foram dois dos grandes organizadores da minha candidatura. Saúdo os outros partidos e movimentos cívicos que me apoiaram. Não é pelo resultado que enjeito os valores pelos quais em conjunto nos batemos. Estou certo que todos os que me apoiaram continuarão a lutar pela defesa e valorização do Estado social, do Serviço Nacional de Saúde, da escola pública, da segurança social pública e dos direitos laborais.
Em democracia não é vergonha perder, vergonha é fugir ao combate e não saber por que se luta. As minhas preocupações permanecem. Tenho pena e peço-vos desculpa por não ter conseguido fazer melhor. Continuarei a lutar civicamente pela democracia, pelos valores da esquerda, pela República e por Portugal.
O meu combate político será o mesmo de sempre – a liberdade, a democracia e os valores de esquerda
Respostas às perguntas dos jornalistasO seu resultado ficou aquém do resultado de há 5 anos. Desta vez tem o apoio de dois partidos. O que é que falhou? Foi o apoio desses partidos?Manuel Alegre – Não, o apoio destes partidos está aqui bem demonstrado. Não falhou. Quem falhou foi eu não ter conseguido o resultado que pretendia, que era passar à segunda volta. Aliás, todos os candidatos, a começar pelo vencedor, tiveram também menos votos. Isso em nada diminui a legitimidade da sua eleição. Já o felicitei e desejo agora que a sua eleição contribua para a estabilidade política e social do país.
Disse que não se ganhavam eleições em Portugal sem o apoio do Partido Socialista. Há cinco anos o candidato apoiado pelo PS teve 14% dos votos. Agora o senhor teve menos do que teve como independente. Não acha que fez as contas mal?Manuel Alegre – Não se fazem as contas mal. Sabe, em política, o que é preciso é ter a coragem de travar os combates que é preciso travar. Eu nunca fui calculista, nunca fiz contas dessas. Sempre travei os combates que era preciso, no momento que era preciso. Contra a ditadura, depois da ditadura, no 25 de Abril. Já ganhei muitos combates, já perdi outros, é isso que próprio da democracia, é isso que faz a força da democracia.
Já ganhei com o Partido Socialista, que ajudei a enraizar na sociedade portuguesa, logo a começar no seu primeiro congresso na legalidade. Já perdi com o Partido Socialista. Não foi o Partido Socialista que perdeu este combate. Tenho muito orgulho em ter o apoio do meu partido, o Partido Socialista. Quem perdeu este combate fui eu, porque não consegui os objectivos que pretendia.
Queria perguntar-lhe se assume que pode ter sido vítima de um descontentamento em relação ao governo perante este resultado eleitoral?Manuel Alegre – Não, são coisas diferentes. Eu não era candidato do governo, era um candidato que se apresentou por decisão pessoal e que depois foi apoiado pelo Partido Socialista, pelo Bloco de Esquerda, por outros partidos, pela Renovação Comunista e agora mais recentemente pelo MRPP, por movimento cívicos que estiveram na origem da minha candidatura. Sou do Partido Socialista e portanto estou com o Partido Socialista também nos combates do Partido Socialista, para o bem e para o mal, quando é difícil e quando é preciso dar a cara. Porque também houve muitas situações em que o partido que deu a cara para defender a democracia e para fazer face à dificuldades económicas e sociais do país foi o Partido Socialista. Nem sempre estivemos de acordo, mas essa é a riqueza da democracia. Isto não tinha graça nenhuma se estivéssemos todos de acordo. E a riqueza e a força do Partido Socialista é sermos um partido plural onde há divergências, onde há liberdade.
A força da esquerda é também a sua diversidade e a sua pluralidade. Estiveram neste combate partidos que não têm o mesmo projecto de governo, uns estão no governo, outros estão na oposição – caso do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda – mas estiveram unidos neste objectivo de lutar pela Presidência da República. E esta diversidade é a fragilidade da esquerda mas é também a sua força e é aquilo que faz a sua originalidade e a sua alma. Seria uma monotonia se a esquerda tivesse aquele monolitismo que às vezes a direita tem.
Agora agradeço muito aos senhores jornalistas.
O meu combate político será o mesmo de sempre – a liberdade, a democracia e os valores de esquerda.
Manuel Alegre

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