jeudi 6 janvier 2011

"Se Cavaco não esclarecer a situação, ela vai ficar na agenda política"

Manuel Alegre volta a pedir um eclarecimento público a Cavaco Silva.

Alegre garantiu hoje que se Cavaco Silva não der explicações sobre o caso BPN, o assunto marcará a agenda política até ao dia das eleições.
"É preciso que Cavaco Silva esclareça" o que aconteceu, disse Manuel Alegre, em entrevista à RTP.
O candidato presidencial sublinhou que o caso BPN precisa de ser explicado pelo actual Presidente da República, e notou, em relação ao preço pelo qual as acções que Cavaco detinha na Sociedade Lusa de Negócios (SLN) foram vendidas, que "aquela cotação não é o preço de mercado".
E acrescentou: "Resta saber se outros accionistas tiveram o mesmo tratamento. Neste momento, Cavaco Silva não poderá deixar de se explicar", reafirmou o candidato apoiado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda."Sabe-se o silêncio de Cavaco durante o escândalo do BPN. Sabe-se a proximidade com Oliveira Costa...Coisas muito estranhas se passavam naquele meio", referiu Alegre.
"Uma valorização de 140% [no preço das acções]? Isto não é normal", acrescentou o candidato a Belém, que foi também questionado sobre a importância da informação que foi hoje avançada pela SIC, que afirma que Oliveira Costa assinou o despacho da venda das acções que Cavaco detinha na SLN.
"Se as acções foram compradas por Oliveira Costa é um acto muito complicado e grave. Aqui trata-se de um problema de escrutínio público, ao que Cavaco não pode deixar de responder", voltou a frisar o escritor.
"É um caso em que o presidente de um banco fixa uma cota em acções que não estão na bolsa. Resta saber se o mesmo favorecimento foi dado aos outros accionistas", porque, diz, "é um tratamento de favor de um amigo a outro amigo", e como tal, "estamos perante um caso político", defende Alegre.
E defende que "Cavaco Silva e Oliveira Costa têm que vir esclarecer-se. Agora percebe-se melhor o que é gestão danosa", sublinhou Alegre.
O candidato presidencial afirmou ainda que "o que tem que acontecer é um julgamento politico no dia 23 de Janeiro". Porque, recorda, "eu pedi para ser esclarecido e Cavaco Silva não respondeu. E pedir esclarecimentos, em democracia, é o que é normal", notou, frisando também que o candidato social-democrata "agravou a situação" ao não responder aos pedidos de esclarecimento que lhe foram feitos, já, por praticamente todos os candidatos a Belém.
"Isto é um caso de natureza politica, tem a ver com transparência, com assumir ou não assumir responsabilidades. Seria bom para Cavaco Silva, como Presidente da República e como cidadão, que viesse dizer alguma coisa sobre o caso", notou, deixando o alerta:
"Estou a espera de um esclarecimento público por parte de Cavaco Cilva. Se esse esclarecimento não surgir, é mais grave ainda. Se Cavaco não esclarecer a situação, o caso vai ficar na agenda politica" até dia 23 de Janeiro, garantiu.
Banco Privado Portugês
Questionado sobre a sua participação numa campanha publicitária do Banco Privado Português (BPP), em 2008, Alegre garante que "escrevi um texto literário e depois dei-me conta de que estava a ser utilizado para publicidade".
Garante o candidato que quando se apercebeu do caso, "passei um cheque meu no mesmo montante [do pagamento recebido]: 1500 euros".
"Não me senti desconfortável, não estava a fazer nada de ilegal. Aquilo não era um texto publicitário. Era um texto que tinha a ver com a minha relação com o dinheiro", reforçou Manuel Alegre, que foi ontem acusado, pela deputada do CDS, Teresa Caeiro, de ter quebrado a lei que impede os deputados de participarem em acções publicitárias, remuneradas ou não, ao participar, com um texto da sua autoria, numa campanha publicitária do BPP.
Manuel Alegre diz ainda que já pediu ao seu banco os comprovativos que mostram que devolveu o dinheiro recebido pelo texto escrito na altura, mas garante que "assumi tudo com clareza. Não sou eu que trato directamente de certas coisas", mas "assumo a responsabilidade".
No entanto, nota, "é estranho o facto de isto ter surgido nesta altura".
"Digo aquilo que penso"
Já no final da entrevista, e questionado sobre se "é uma pessoa mais livre cinco anos depois" da primeira candidatura a Belém, Manuel Alegre garantiu que "sou uma pessoa solta, uma pessoa livre".
E garante que o facto de ser apoiado por dois partidos, muitas vezes com opiniões divergentes, não o condiciona."
"Sou um dos homens que ajudou a enraizar o PS em Portugal, mas digo coisas que desagradam ao partido". Tal como, nota, "também digo coisas que desagradam ao Bloco de Esquerda".
"Digo aquilo que penso", sublinhou o candidato à presidência da República, reforçando, tal como tem feito ao longo de toda a campanha que, "se consegui, à volta da minha candidatura juntar dois partidos tão diferentes, significa que posso unir mto mais. Que posso unir o país", conclui.
Manuel Alegre foi o quarto candidato presidencial a estar presente no programa Grande Entrevista, da RTP. Segunda-feira é a vez de Cavaco Silva ser entrevistado por Judite de Sousa.
IN DE, Margarida Vaqueiro Lopes 06/01/11

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire