jeudi 6 janvier 2011

Cavaco pode ter feito tráfico de influências, diz Alegre

Alegre disse que só recebeu 1500 euros pelo «texto literário» que o BPP «usou como anúncio» e mostrou que não largará Cavaco nas acções do BPN. É «um caso muito grave» que pode configurar uma situação de tráfico de influências
A entrevista de Manuel Alegre a Judite de Sousa serviu para saber que o socialista recebeu 1500 euros de pagamento de um texto seu usado num anúncio ao Banco Privado Português (BPP) - o novo caso destas presidenciais - e que o candidato admite ser um «mau gestor das suas finanças», pois não sabe ainda se o dinheiro ficou na sua conta. Está a investigar.
Serviu também para elevar o tom das acusações que Alegre faz a Cavaco Silva na questão das acções do Banco Português de Negócios (BPN) que o Presidente da República comprou por um euro e revendeu com um lucro de 140%. O socialista diz que a confirmar-se que Cavaco Silva teve «tratamento de favor» será muito grave.
Se as «acções foram recompradas por Oliveira e Costa» (algo que já é sabido), terá havido «o favor de um amigo a um amigo», uma situação de favorecimento pessoal». Judite de Sousa perguntou a Alegre se podia estar em causa um «acto de tráfico de influências». Resposta de Alegre: «Com certeza».
Se tiver havido «um contrato de recompra» das acções que Cavaco Silva subscreveu, adensa-se a suspeita de «situação de favor» e um «acto de gestão danosa». Se os outros accionistas não tiverem tido «o mesmo tratamento», Alegre entende a situação fica ainda pior.
O candidato, na entrevista à RTP1, justificou que está em causa «um escrutínio público» a que Cavaco Silva «não pode deixar de responder. É um caso de um presidente de um banco, com o qual tem ligações políticas e de amizade, que fixa um preço de acções que não estão cotadas na bolsa».
Ainda assim, Alegre diz que «não é polícia nem juiz». A avaliação tem de ser política, no dia das eleições. Se Cavaco for eleito, o seu segundo mandato ficará «diminuído».
Sobre a actual gestão do BPN, diz que não é comparável à de Oliveira e Costa, que é acusado de crimes. Mas entende que a injecção de dinheiro público no banco agora sob gestão do Estado «tem que ter um fim». No limite, admitiu, terá de «ser decretada a falência».
O banco de Alegre
Do caso do banco de Cavaco, o BPN, para o caso do banco de Alegre, o BPP. O entrevistado considera que não fez conscientemente publicidade ao banco. «Não escrevi um texto publicitário, escrevi um texto literário que, percebi depois, estava a ser utilizado como publicidade».
Negou que esteja em causa uma ilegalidade, apesar de os deputados não poderem fazer publicidade. «Não era um texto publicitário» insistiu. Mas porque «não se sentiu bem», tentou devolver o dinheiro que lhe tinha sido pago «como direitos de autor».
Revelou que o valor recebido pelo «texto literário» foram 1500 euros, e que depois tentou devolver o dinheiro, passando um cheque no mesmo valor que enviou ao BPP. No entanto não sabe se o dinheiro foi descontado ou ficou na sua conta. «Não sou grande gestor das minhas finanças», disse, esclarecendo que «assume as responsabilidades» do caso.
Mas levantou suspeitas sobre o caso surgir agora. «É estranho», disse, acrescentando: «é uma forma de responder com uma miséria de 1500 euros a um caso de muitos milhares de euros».
Já no final da entrevista na RTP, Alegre disse que não está condicionado pelo PS e pelo BE e que diz o que pensa. «Quando digo que lastimo o congelamento das pensões não estou a agradar ao PS, mas também não vou atrás de soluções muito radicais do BE, sei que desagrado também».
No dia 23, Alegre gostava de ter «um bocadinho mais» que a soma dos votos obtidos pela sua candidatura há 5 anos, com a do BE então (encabeçada por Louçã) e do PS (de Mário Soares). Algo difícil, admitiu: «Ninguém é dono dos votos». O essencial é mesmo chegar à segunda volta.
Alegre ainda acredita ser possível. E que o caso BPN dê uma ajuda preciosa.
In SOL por 6 de Janeiro, 2011por Manuel Agostinho Magalhães

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