mardi 11 janvier 2011

Esta é hora de unir, de somar e de mobilizar


“Esta é hora de unir, de somar e de mobilizar”, afirmou Manuel Alegre esta noite na Marinha Grande, onde lançou um veemente apelo contra a abstenção à esquerda. Num comício onde intervieram também o eurodeputado do Bloco de Esquerda Miguel Portas e o líder parlamentar socialista Francisco Assis, o candidato considerou que o silêncio de Cavaco Silva sobre uma eventual entrada do FMI em Portugal começa a ser “comprometedor”, defendendo que esta é hora de resistência.
“Deixemos à direita a abstenção, porque esta não é hora de os socialistas se poderem abster, dos bloquistas se poderem abster, de os comunistas se poderem abster ou dos democratas se poderem abster. Esta é hora de unir, de somar e de mobilizar”, afirmou Manuel Alegre no comício da Marinha Grande, depois de intervenções do dirigente do Bloco de Esquerda Miguel Portas e do líder parlamentar do PS, Francisco Assis.
Dirigindo-se directamente aos eleitores comunistas, o candidato apelou a que não fiquem em casa. “Eu digo votem num candidato de esquerda. Digo aos comunistas: vão votar, votem no vosso candidato Francisco Lopes, mas não fiquem em casa, não se abstenham”, disse Manuel Alegre, marcando a seguir a distinção entre a sua e as restantes candidaturas: “A minha candidatura é a única que pode enfrentar e forçar Cavaco Silva a uma segunda volta, porque se isso acontecer significará a possibilidade de a esquerda voltar a ter um Presidente da República”.
Acerca do silêncio de Cavaco Silva sobre uma eventual entrada do Fundo Monetário Internacional em Portugal, Manuel Alegre considerou que este começa a ser “comprometedor porque coincide com a impaciência política daqueles que estão à espera da entrada do FMI em Portugal”. Para o candidato, o momento é, pelo contrário, de resitência: "O caminho não é estar de joelhos, não é capitular, não é abdicar, não é fazer o papel de bem comportado, não é o da submissão a essa entidade mítica dos mercados financeiros. O caminho é resistir e defender o interesse nacional”.
Manuel Alegre considera que o candidato da direita tinha a obrigação de explicar aos portugueses e à Europa as consequências de uma entrada do FMI em Portugal, mas “prefere considerar que se calhar os mercados têm razão, que se calhar o FMI até é bom para acertar as contas públicas”. No seu entender, “o FMI não vem acertar contas públicas, mas desorganizar a sociedade portuguesa e agravar a pobreza, as desigualdades e o desemprego. Por isso, a palavra de ordem é resistir e mobilizar todas as forças políticas para impedir que isso aconteça”, afirmou.
Manuel Alegre começou na sua intervenção por evocar os trabalhadores da Marinha Grande que foram deportados para o Tarrafal durante o Estado Novo, lembrando também as cargas policiais de que foram alvo após o 25 de abril. “A minha memória é também a dos trabalhadores e vidreiros que sofreram violentas cargas policiais quando o primeiro-ministro era Cavaco Silva”, recordou o candidato, sob os assobios da plateia.
Sobre as críticas do candidato da direita aos empresários que se encostam ao poder, Manuel Alegre afirmou que “gostaria de saber se são aqueles que estão na comissão de honra da sua candidatura, porque vi muitos empresários, aqui mesmo na Marinha Grande, que se internacionalizaram e que não estão encostados ao poder e que a maior parte deles não está na comissão de honra do candidato Cavaco Silva”.
Na intervenções que antecederam a do candidato, o eurodeputado do Bloco de Esquerda Miguel Portas afirmou “que há quem transpire e quem suspire pela entrada do FMI em Portugal”, considerando que este serve apenas “para vergar e para dobrar a espinha” do país. Para Miguel Portas, “Manuel Alegre sabe que o povo não come eternamente défice”, alertando que “ninguém come défice ao pequeno-almoço, défice ao almoço, défice ao jantar e ou há uma política para criar emprego, que não desiste do crescimento sustentado, ou estamos todos feitos, como temos estado a ser feitos”. O dirigente bloquista disse ainda gostar de “um Presidente da República que ache que o trabalho é o futuro deste país” e que “em Belém não se resigne”.
Já o líder parlamentar do PS, Francisco Assis, defendeu na sua intervenção que “chegou a hora da esquerda portuguesa se unir” em torno da candidatura de Manuel Alegre, considerando que esta é “muito importante, que não tem que estar associada a ninguém”, que é “supra-partidária” e que “tem todas as condições para unir todos os homens e mulheres que se reconhecem nos grandes valores fundadores da esquerda”.
O líder da bancada socialista recordou ainda que “a história recente do país demonstra que nenhum Presidente da República de esquerda foi eleito sem o apoio de toda a esquerda mas que quando toda a esquerda se une consegue eleger um Presidente da República de esquerda”. Assis afirmou estar na Marinha Grande “a apoiar Manuel Alegre em nome do PS, em nome de todos os deputados do PS” que representa, “na convicção profunda de que a sua eleição para a Presidência da República contribuirá fortemente para que o país se perceba de outra forma, para que o país se projecte no futuro e para que todos juntos” seja possível “construir um Portugal diferente, melhor, mais livre, mais justo e mais solidário”.
11 de Janeiro de 2011

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