dimanche 9 janvier 2011

Combustão lenta

No rescaldo do primeiro dia oficial de campanha não posso deixar de reparar num certo número de afirmações, sendo que algumas delas me põem quase sem respiração!
Logo para começar fico sempre admirado quando vejo um gráfico de sondagem como o do Público de hoje. As perguntas eram: está interessado pelas Eleições Presidenciais? Vejam só as respostas: 10%, muito interesse; 30% algum interesse; 60% não interessado! Como é que num país em crise, onde toda a gente chora a sua má sorte (mesmo os que têm sorte a mais) ainda há 60% dos cidadãos que não estão interessados pelas Eleições Presidenciais? Constato que não são só os emigrantes que têm falta de educação cívica os primos que ficaram pela terra são feitos da mesma matéria! Que desespero!
Depois vêm os comentários dos candidatos e lá vêm as frases mais disparatadas, as maiores contra verdades, os cinismos, as malícias e as calúnias. Só porque as pessoas se desinteressam é que alguns políticos se podem permitir tais abandonos; se houvesse mais crítica, outro galo cantaria.
Quando Fernando Nobre põe em pé de igualdade os candidatos Cavaco Silva e Manuel Alegre, para mim é como se estivesse a dizer ” estou aqui para atrapalhar (por encomenda?), pois de política não percebo patavina”.
Cavaco dirige-se aos jovens para fazer uma política diferente, é claro que com o candidato da “estabilidade passiva” a política vai ser diferente claro, mas diferente daquela que devia ser.
Diz ainda que não se deve desperdiçar o dinheiro que a Europa nos atribui. De acordo, acreditem na sua experiência, toca a continuar a alcatroar o país, que do seu tempo ainda ficou espaço para mais estradas e isso é obra que se vê!
Mas além disto o presidente candidato a “bis repetita” não quer falar das escutas; não quer falar das acções; não quer falar do FMI... na realidade o melhor é ficar calado, disso tem ele dezassete anos de experiência.
Talvez Maria de Medeiros tenha razão, com tanto silêncio qualquer dia estamos todos sob o domínio da Espanha... quando não há Rei é o que acontece!
Em 1984 alguém me disse, perante a minha apreensão “deixa lá com cavacos não se fazem grandes fogueiras”, mas não contava com a combustão lenta. Dezassete anos é muito tempo.
Aurélio Pinto, 10/01/2011

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