mercredi 8 décembre 2010

Manuel Alegre em conferência com alunos do ISCSP


O inconformismo da juventude é necessário para construir um futuro democrático.


“Como presidente serei um companheiro dos jovens”, comprometeu-se hoje Manuel Alegre numa conferência com alunos do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, ISCSP. “Se eles forem conformistas tentarei transmitir alguma rebeldia e inconformismo, porque a rebeldia e o inconformismo da juventude são necessários para construir um futuro democrático”, garantiu o candidato presidencial, reiterando a sua preocupação com os problemas que afectam os jovens.
Em conversa com os estudantes, Manuel Alegre recordou as dificuldades vividas pelos jovens da sua geração, “uma geração que passou por momentos complicados, que viveu a ditadura, a guerra, a repressão, as prisões, e os exílios”, mas que tinha “a convicção de que libertando o país resolveria não só os problemas colectivos mas também os seus problemas individuais”.
“Hoje vejo a juventude com grande incerteza sobre o futuro”, alertou o candidato, “incerteza sobre o seu primeiro emprego mas também descrença no seu país”. Porque “congelar o futuro dos jovens representa congelar o futuro do país”, Manuel Alegre assumiu como prioridade e compromisso da candidatura encontrar soluções para a precariedade, que considera ser o maior problema da juventude, “não só precariedade no trabalho, mas precariedade na vida”.
Tal como havia feito com os jovens de Coimbra, Manuel Alegre desafiou os estudantes de Lisboa a fazerem um pacto de insubmissão, encorajando a juventude a revoltar-se, “não contra a democracia, mas para fazer valer os seus direitos, o seu lugar no país”, conquistando fortes aplausos da plateia.
Na sua intervenção inicial, o candidato reafirmou os princípios da sua candidatura considerando que o país “está em risco, na sua autonomia e na sua soberania “e que a “qualidade da democracia está ameaçada”. Para Manuel Alegre, “Portugal precisa à frente dos seus destinos de alguém que tenha uma visão estratégica de Portugal, da Europa e do mundo”.
No mundo em crise global, “com o colapso dos sistema financeiro e um capitalismo desregulado”, na Europa em que “as forças conservadoras querem aproveitar a crise para por em causa o pacto social e a democracia da solidariedade, dos direitos sociais e serviços públicos”, e em Portugal, com a direita a defender uma revisão constitucional que é um “programa estratégico contra o conteúdo da nossa democracia”, explicou o candidato aos estudantes.
Dando como exemplo as diferenças do modelo semi-presidencial francês, Manuel Alegre recordou que no nosso país o “Presidente da República não governa, é um moderador ou regulador e a sua maioria esgota-se na noite das eleições, não tem um programa próprio, tem um desígnio para o país e não toma partido de uma força política”.
Para Manuel Alegre, a afirmação do actual Presidente de que se deve discutir o modelo do Serviço Nacional de Saúde “sem preconceitos ideológicos”, significa que “tomou partido, fez uma afirmação ideológica”, que "põe em causa direitos sociais, fragiliza democracia e leva à mudança de regime”. Este é “o essencial do combate a 23 Janeiro”, que disputa para “defender a democracia como ela está prevista na constituição”.
Em resposta a uma questão colocada por um estudante, Manuel Alegre disse estar “preparado para ser Presidente com qualquer Governo”. “Serei Presidente de todos os portugueses, não serei um Presidente de facção”, garantiu, assegurando também que exercerá “todos os poderes presidenciais” para impedir uma desagregação do Serviço Nacional de Saúde, da escola pública ou da segurança social, cuja defesa reafirmou várias vezes durante a sua intervenção.
Segundo o candidato, “se um Governo PSD/CDS respeitar a Constituição não terá problema nenhum”. Contudo, “qualquer governo, seja ele qual for, mesmo que seja um Governo do Partido Socialista, que tentar desmantelar o SNS, ou a escola pública, ou a segurança social pública, tal como estão na constituição, eu veto. Exercerei todos os poderes presidenciais para que isso não aconteça”, garantiu.
Manuel Alegre voltou a defender uma “mobilização nacional contra a entrada do FMI”, considerando que uma eventual intervenção do fundo monetário implicará “sacrifícios inconcebíveis para o povo português”e será uma situação “humilhante” para Portugal. “Não percebo como é que há portugueses que desejam a entrada do FMI”, considerou. Dado a “ofensiva especulativa” de que Portugal tem vindo a ser alvo, Alegre defendeu que o Presidente da República, Cavaco Silva, deveria ter falado com os líderes europeus, nomeadamente da França e Alemanha.
Manuel Alegre reiterou ainda as críticas ao actual Presidente por ter afirmado que a situação do país era “explosiva” e “insustentável”, defendendo que se Cavaco Silva fosse “coerente”, teria dissolvido a Assembleia da República. “O Presidente da República fez insinuações e afirmações sobre o Governo que, a serem levadas à letra, deviam ter levado a demitir o Governo, dissolvendo a Assembleia da República”, afirmou.
De acordo com o candidato, “este governo tem legitimidade para governar, não foi derrubado”, referindo que “a moção de censura que foi apresentada não foi aprovada”. Contudo, “se a situação era explosiva, se fez avisos e não foi ouvido, se a situação era insustentável”, a atitude do Presidente, sendo “coerente”, com essas afirmações, seria dissolver a Assembleia.
“Não estou a dizer que concordo com o Presidente da República, estou a dizer que se disse isto, para ser coerente consigo próprio, devia ter demitido o Governo”, sustentou. “Se não o fez, das duas uma, ou o que disse estava errado e ele próprio sabia que estava errado, ou não teve coragem de fazer o que fizeram Presidentes como Jorge Sampaio ou Mário Soares”, acrescentou.
Na conferencia no ISCSP, moderada por Nuno Pereira, na qual também foi orador o Professor catedrático Carlos Diogo Moreira, Manuel Alegre reiterou que na evocação dos 30 anos da morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, “já se anda a inventar uma nova AD”, com “um líder de um partido a fazer de Sá Carneiro (Pedro Passos Coelho) e outro a fazer de Adelino Amaro da Costa (Paulo Portas)”. “Achei de mau gosto”, considerou.
7 de Dezembro de 2010

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