Francisco Lopes acusou Cavaco Silva de ceder às pressões dos mercados e de “baixar os braços” perante a actual situação do País.
“Quem quiser continuar a defender a pobreza, quem quiser ter sete meses de crise política, quem quiser ter mais gente no desemprego, pode continuar a dizer que não podemos ter Orçamento”, respondeu Cavaco Silva ao candidato do PCP, Francisco Lopes, que acusou o actual Presidente da República de ser a “voz dos mercados”.
Francisco Lopes alertou ainda para o facto de que “este Orçamento, apoiado por Cavaco Silva” irá “aumentar o problema” da falta de produtividade nacional e forte dependência externa, e deverá aumentar o desemprego e “reduzir as oportunidades para os jovens”.
“Milhares de portugueses vão ficar mais pobres”, avisou Francisco Lopes, sublinhando que o País precisa de perceber se “na Presidência da República está alguém que é a voz de Portugal ou que é a voz dos mercados”. O candidato comunista afastou ainda a hipótese de Cavaco não ter responsabilidades no documento que vai ditar o destino do País em 2011, reiterando que “não há nada que possa eliminar as responsabilidades que o candidato Cavaco Silva tem neste Orçamento do Estado”.
Por seu lado, o Presidente da República rejeitou as acusações de Francisco Lopes, e deixou o aviso: os mercados externos têm que ser respeitados, na certeza de que “se alguém insultar os mercados internacionais” vai haver “prejuízo para a economia nacional”. Na mesma altura, Cavaco congratulou-se por essas mesmas críticas, “felizmente”, não passarem além-fronteiras e referiu que é preciso ter muito cuidado com o que se diz na actual conjuntura: “Deus nos livre de termos um Presidente da República que não mede as palavras que diz”.
Cavaco Silva foi mesmo mais longe, durante a sua intervenção, e questionado sobre uma possível intervenção do FMI em Portugal, o Presidente da República afirmou que, a acontecer, vai significar que o Governo "de alguma forma" falhou.
No entanto, o candidato disse também acreditar que "o Governo vai desenvolver as acções necessárias" para que tal não aconteça.
"Sou candidato mas não deixo de ser Presidente"
O Presidente da República recusou-se ainda a falar da possível revisão constitucional que está a ser discutida no Parlamento, salientando que “sou candidato [a Belém] mas não deixo de ser Presidente da República. E sei que a revisão da Constituição é a única lei que o Presidente não pode deixar de promulgar. Como tal, também não pode entrar na discussão” visto que “deixaria de ser o garante da unidade nacional”, explicou.
Cavaco Silva reiterou também, mais uma vez, a sua intenção de exercer uma “magistratura activa para dar o meu contributo, é este o termo correcto, contributo, para a resolução” da actual crise.
O ainda Presidente afirmou ainda que tenciona lutar pelos apoios às pequenas e médias empresas, realçando que representam 97% do tecido empresarial português e que “precisam de ter apoio para desenvolver uma cultura de inovação”, disse.
Já nos minutos finais, Francisco Lopes afirmou que votar na candidatura de Cavaco Silva é beneficiar o “arrastamento do País para o atoleiro da pobreza” e instou os portugueses a escolher um dos dois caminhos representados por cada um dos candidatos. E prometeu ser “a voz de todos aqueles que são e fazem Portugal”, em caso de vitória.
Cavaco, por seu lado, reafirmou que “se merecer a honra da escolha dos portugueses, serei Presidente de todos os portugueses e comprometo-me a exercer uma magistratura de influência”.
In DE, por Margarida Vaqueiro Lopes21/12/2010
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