samedi 18 décembre 2010

Alegre vs. Lopes: uma maioria de esquerda a 'malhar' em Cavaco

Veja o debate:
http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/noticias-pais/2010/12/reveja-o-debate-na-integra-entre-manuel-alegre-e-francisco-lopes18-12-2010-214148.htm

O candidato do PCP e o candidato apoiado pelo BE e pelo PS convergiram nos ataques ao actual PR. Alegre, porém, defendeu o euro e disse que teria aprovado este Orçamento. E o país, disse, «nem estava assim tão mal» antes da crise financeira, que é culpa dos especuladores e dos bancos
Manuel Alegre foi de esquerda («sou autor do preâmbulo da actual Constituição») mas também poupou o Governo, preferindo atacar os «especuladores financeiros» e os bancos. Francisco Lopes foi previsível ao tentar comprometer o adversário - por acção e omissão - com a crise do país. O confronto entre ambos foi brando, elegendo Cavaco Silva como alvo principal das críticas.
O momento mais surpreendente de Alegre deu-se quando disse «O país nem estava assim tão mal como isso», antes de o Estado ser ver, primeiro, obrigado a salvar os bancos, e depois na situação de um ataque cerrado dos especuladores, que são poderes não legitimados democraticamente e põem em causa o futuro de Portugal e da Europa. «O que são as agências de rating? São empresas privadas», fustigou Alegre.
Ao candidato do PCP, mais rígido na posse, coube um momento de humor inglês. Depois de ouvir Alegre admitir a legitimidade da candidatura «da tradição comunista» e que pode impedir algum eleitorado de se abster, respondeu cortante: «a candidatura de Manuel Alegre está em melhores condições que a minha de mobilizar os que estão de acordo com este Governo».
De facto, Alegre, adoptando uma postura de defensor da democracia e da Europa («de uma outra Europa», que não a «perversão» actual, ditada pelos especuladores e pelo egoísmo da Alemanha e França) conseguiu ao longo do debate minimizar os anti-corpos da ala socrática do PS. Quando o comunista o atacou por ter afirmado numa entrevista que este Orçamento do Estado era um «mal menor», explicou que a sua postura de Estado o levaria a aprovar o OE.
«Não gosto deste Orçamento», ressalvou (como Cavaco Silva, ontem, no seu debate com Fernando Nobre». Mas «não o aprovar» resultaria no «colapso» que levaria a falhar o pagamento de salários e pensões. Alegre disse ser contra a figura do «homem providencial» corporizada por Cavaco Silva, que no inicio do mandato se dizia interventivo mas se calou quando, com o país em crise, precisava de ser ouvido.
O socialista, se estivesse em Belém, já teria falado com Angela Merkel e Nicolas Sarkozy. «Já tinha pedido uma audiência», disse, «com a humildade» de quem, nesta campanha, já esteve em França e na Alemanha, em contactos.
O futuro da Europa, defendeu pode não estar no eixo franco-alemão mas «na periferia», argumentou, invocando a capacidade que países hoje em dificuldades, Portugal, Espanha e Grécia, tiveram de, nos anos setenta, fazer transições para a democracia. Na actual crise, «o que compromete é a especulação financeira».
Cavaco foi o bombo da festa. Alegre diz que ele «enfraquece as leis» quando as promulga, mas com mensagens em que revela a sua discordância. Ironizou na defesa que o PR faz do mar, acusando-o de antes ter contribuído para desmantelar o sector das pescas: «Há quem queira voltar ao mar... é preciso é voltar à Terra».
Lopes disse que o actual PR enfraqueceu «a soberania» e levou, com o Governo, o país a estar sujeito «a um mecanismo de saque da banca». Cavaco quer combater a pobreza «com caridade em vez de solidariedade» do modelo social. O comunista não poupou ainda o Governo de Sócrates e atacou a entrada de Portugal no euro, comprometendo Alegre com essa decisão que considera ruinosa.
Em matéria de propostas, as novidades do debate moderado por Clara de Sousa, na SIC, foram poucas. Francisco Lopes, como solução para o estrangulamento financeiro do Estado, defendeu que o Governo procurasse financiar-se em Portugal.
No final, o candidato comunista apelou ao voto dos «que querem fazer ouvir a sua voz de protesto», enquanto o antigo deputado do PS falou aos jovens, lembrando os altos índices de desemprego, apesar de (mais um crédito ao Governo socialista) - a OCDE demonstrar que melhorou o nível de educação em Portugal.
«Não se pode congelar o futuro da juventude», terminou, com um modelo que não garante emprego.
Para variar, neste quarto debate entre candidatos presidenciais, foi pacifica a distribuição de tempo no final. Como pacífico foi o tom do debate. O inimigo principal está à direita.
In SDol, 18 de Dezembro, 2010Por Manuel A. Magalhães

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