vendredi 14 janvier 2011

"Nunca confundi política com negócios"


O candidato presidencial Manuel Alegre fez esta sexta-feira um ataque cerrado a Cavaco Silva, acusando o Presidente da República de ter tomado partido dos grandes interesses, contrapondo que, pela sua parte, nunca confundiu política e negócios. Manuel Alegre falava no encerramento do comício da sua candidatura em Viseu, que encheu o auditório do Instituto Politécnico daquela cidade.
“Este Presidente da República tomou partido, o partido dos grandes interesses nacionais e alguns não nacionais, que neste momento querem meter em Portugal o Fundo Monetário Internacional”, apontou o candidato apoiado pelo PS e Bloco de Esquerda.Na sua intervenção, Alegre fez também a defesa da política como “uma actividade nobre, quando significa o bem comum, sem ter em troca honrarias, cargos ou contrapartidas materiais”. Depois, deixou um recado: “Nunca confundi, nunca confundirei política com negócio, nunca pus projectos pessoais acima dos superiores interesses do país”, declarou.Alegre visou indirectamente o actual Presidente da República quando se referiu aos valores do regime democrático.“Estou como homem livre, que por vezes se engana, que por vezes tem dúvidas e que muitas vezes cometeu erros, mas que participou em todas as batalhas da liberdade e nunca precisou de fazer exame de admissão à democracia”, declarou, antes de voltar a acusar Cavaco Silva de ter quebrado a lealdade institucional com o caso das escutas, que Alegre ligou à teoria da anterior direcção do PSD, de Manuela Ferreira Leite, sobre a existência de asfixia democrática no país.Alegre deixou também avisos de carácter interno, dizendo que sua vitória só será possível se ninguém ficar refém de agendas mesquinhas, preso a interesses pessoais, a lógicas de facções e a capelinhas.“Não peço a vossa simpatia pessoal, mas peço o vosso voto”, começou por dizer Alegre, dirigindo à plateia que encheu o auditório do Instituto Politécnico de Viseu, quando defendia a ideia referente ao carácter decisivo destas eleições presidenciais.Depois, deixou um recado para a esquerda e que se terá destinado particularmente a alguns sectores do PS: “A vitória é possível, mas não será com desunião, ou com base numa falsa unidade de propósitos”.Para Alegre, na esquerda, ninguém “pode ficar refém de agendas mesquinhas, nem da defesa da respectiva capelinha ou autoproclamada pureza de cada fação”.“Não podemos confundir questões pessoais com questões políticas, porque o que está em causa é a democracia e os valores do Estado social, os valores do 25 de Abril que estão consagrados na Constituição da República”, disse.Neste contexto, voltou a atacar o desrespeito do actual Presidente da República pelo princípio da laicidade no Estado Português.“Cavaco Silva até pede aos padres para incentivarem no sentindo de que nenhum voto falhe”, disse num comício em que surgiu na plateia uma bandeira do CDS, que foi levantada pela primeira vez quando discursava o dirigente do Bloco de Esquerda João Semedo.Alegre mostrou-se satisfeito com a adesão que teve o seu comício em Viseu e concluiu que “a onda” de apoio à sua candidatura está a crescer.

In Público, por Lusa, 14/01/2011

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