jeudi 13 janvier 2011

Primeiro-ministro refutou previsões de crise política


Sócrates pede “cooperação institucional” ao futuro Presidente.

José Sócrates cumpriu um “dever cívico e político” esta noite, em Castelo Branco, na sua estreia na campanha de Manuel Alegre. Mas as primeiras palavras do secretário-geral socialista afiguraram-se desenquadradas.

Disse que estava ali paradizer ao Manuel Alegre que pode contar com o PS nesta campanha eleitoral”, mas ninguém viu dirigentes nacionais do partido e deputados estavam apenas dois (Marcos Sá e Jorge Seguro).
Sócrates estava também ali para fazer uma declaração de “amor ao Estado Social, ao Serviço Nacional de Saúde, à escola pública e à segurança social pública”. E para sublinhar que, apesar da “luta árdua e difícil” provocada pela crise económica, “o país” demonstrou anteontem, com a procura verificada no leilão da dívida soberana, que “não está de braços caídos, que não se ajoelha” – algo que contrariou o argumentário “daqueles que tinham dúvidas”. Foi este o mote para refutar Cavaco Silva e as suas previsões de uma futura crise política, económica e social. “Aqueles que nos últimos dias apenas falam de crise e instabilidade não prestaram um serviço ao país. Pelo contrário. Passaram dias, antes de um dia decisivo para o nosso país, a semear a incerteza e a dúvida”, disse, preferindo não nomear o candidato apoiado pelo PSD e CDS. Vaticinou ainda que “a História saberá registar quem estava à altura dos momentos decisivos e quem faltou à chamada para a defesa do interesse nacional”, num auto-elogio mais ou menos discreto que continha também críticas a Cavaco e à direita. Mas Sócrates não foi muito mais longe nas acusações, ainda que implícitas, ao Presidente e candidato. Porque interessava-lhe mais salientar a necessidade de existir uma “cooperação institucional” entre os órgãos de soberania: “Um Presidente é eleito para presidir e não para governar. (…) Não pode deixar de afirmar sempre que lutará por uma cooperação institucional e que respeitará todos os outros poderes para trabalhar em nome do país.” E prosseguiu: “Precisamos de um Presidente que garanta a confiança, a unidade, que puxe pelo ânimo do país.” As palavras do primeiro-ministro alentaram Alegre, que, ao longo da sua intervenção, não se cansou de elogiar o primeiro-ministro: proclamou a “coragem e determinação” do seu “amigo e camarada”; disse ter gostado de o ver “conversar em português, afirmando a internacionalização da nossa língua” com o “Presidente Lula”; e regozijou-se por “estar lado a lado com José Sócrates a defender o Estado Social”. Palavras para o Bloco de Esquerda, que participou apenas com a presença de um assessor, quase não se ouviram. E quando se ouviram soaram mais a correcção: “Tenho muito orgulho e tenho a certeza que estão comigo milhares e milhares de socialistas, do Norte ao Sul do país, da Madeira e dos Açores. E também do Bloco de Esquerda, de muitos cidadãos independentes que se reconhecem nesta candidatura”. Mas o candidato, reafirmou, não está “refém” dos partidos, como “acontece” com Cavaco, “um candidato de facção”. . “Sou um homem livre, um candidato independente”, afirmou.
In Público, Maria José Oliveira,13.01.2011

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