Sócrates pede “cooperação institucional” ao futuro Presidente.
José Sócrates cumpriu um “dever cívico e político” esta noite, em Castelo Branco, na sua estreia na campanha de Manuel Alegre. Mas as primeiras palavras do secretário-geral socialista afiguraram-se desenquadradas.
Disse que estava ali para “dizer ao Manuel Alegre que pode contar com o PS nesta campanha eleitoral”, mas ninguém viu dirigentes nacionais do partido e deputados estavam apenas dois (Marcos Sá e Jorge Seguro).
Sócrates estava também ali para fazer uma declaração de “amor ao Estado Social, ao Serviço Nacional de Saúde, à escola pública e à segurança social pública”. E para sublinhar que, apesar da “luta árdua e difícil” provocada pela crise económica, “o país” demonstrou anteontem, com a procura verificada no leilão da dívida soberana, que “não está de braços caídos, que não se ajoelha” – algo que contrariou o argumentário “daqueles que tinham dúvidas”. Foi este o mote para refutar Cavaco Silva e as suas previsões de uma futura crise política, económica e social. “Aqueles que nos últimos dias apenas falam de crise e instabilidade não prestaram um serviço ao país. Pelo contrário. Passaram dias, antes de um dia decisivo para o nosso país, a semear a incerteza e a dúvida”, disse, preferindo não nomear o candidato apoiado pelo PSD e CDS. Vaticinou ainda que “a História saberá registar quem estava à altura dos momentos decisivos e quem faltou à chamada para a defesa do interesse nacional”, num auto-elogio mais ou menos discreto que continha também críticas a Cavaco e à direita. Mas Sócrates não foi muito mais longe nas acusações, ainda que implícitas, ao Presidente e candidato. Porque interessava-lhe mais salientar a necessidade de existir uma “cooperação institucional” entre os órgãos de soberania: “Um Presidente é eleito para presidir e não para governar. (…) Não pode deixar de afirmar sempre que lutará por uma cooperação institucional e que respeitará todos os outros poderes para trabalhar em nome do país.” E prosseguiu: “Precisamos de um Presidente que garanta a confiança, a unidade, que puxe pelo ânimo do país.” As palavras do primeiro-ministro alentaram Alegre, que, ao longo da sua intervenção, não se cansou de elogiar o primeiro-ministro: proclamou a “coragem e determinação” do seu “amigo e camarada”; disse ter gostado de o ver “conversar em português, afirmando a internacionalização da nossa língua” com o “Presidente Lula”; e regozijou-se por “estar lado a lado com José Sócrates a defender o Estado Social”. Palavras para o Bloco de Esquerda, que participou apenas com a presença de um assessor, quase não se ouviram. E quando se ouviram soaram mais a correcção: “Tenho muito orgulho e tenho a certeza que estão comigo milhares e milhares de socialistas, do Norte ao Sul do país, da Madeira e dos Açores. E também do Bloco de Esquerda, de muitos cidadãos independentes que se reconhecem nesta candidatura”. Mas o candidato, reafirmou, não está “refém” dos partidos, como “acontece” com Cavaco, “um candidato de facção”. . “Sou um homem livre, um candidato independente”, afirmou.
In Público, Maria José Oliveira,13.01.2011
Sócrates estava também ali para fazer uma declaração de “amor ao Estado Social, ao Serviço Nacional de Saúde, à escola pública e à segurança social pública”. E para sublinhar que, apesar da “luta árdua e difícil” provocada pela crise económica, “o país” demonstrou anteontem, com a procura verificada no leilão da dívida soberana, que “não está de braços caídos, que não se ajoelha” – algo que contrariou o argumentário “daqueles que tinham dúvidas”. Foi este o mote para refutar Cavaco Silva e as suas previsões de uma futura crise política, económica e social. “Aqueles que nos últimos dias apenas falam de crise e instabilidade não prestaram um serviço ao país. Pelo contrário. Passaram dias, antes de um dia decisivo para o nosso país, a semear a incerteza e a dúvida”, disse, preferindo não nomear o candidato apoiado pelo PSD e CDS. Vaticinou ainda que “a História saberá registar quem estava à altura dos momentos decisivos e quem faltou à chamada para a defesa do interesse nacional”, num auto-elogio mais ou menos discreto que continha também críticas a Cavaco e à direita. Mas Sócrates não foi muito mais longe nas acusações, ainda que implícitas, ao Presidente e candidato. Porque interessava-lhe mais salientar a necessidade de existir uma “cooperação institucional” entre os órgãos de soberania: “Um Presidente é eleito para presidir e não para governar. (…) Não pode deixar de afirmar sempre que lutará por uma cooperação institucional e que respeitará todos os outros poderes para trabalhar em nome do país.” E prosseguiu: “Precisamos de um Presidente que garanta a confiança, a unidade, que puxe pelo ânimo do país.” As palavras do primeiro-ministro alentaram Alegre, que, ao longo da sua intervenção, não se cansou de elogiar o primeiro-ministro: proclamou a “coragem e determinação” do seu “amigo e camarada”; disse ter gostado de o ver “conversar em português, afirmando a internacionalização da nossa língua” com o “Presidente Lula”; e regozijou-se por “estar lado a lado com José Sócrates a defender o Estado Social”. Palavras para o Bloco de Esquerda, que participou apenas com a presença de um assessor, quase não se ouviram. E quando se ouviram soaram mais a correcção: “Tenho muito orgulho e tenho a certeza que estão comigo milhares e milhares de socialistas, do Norte ao Sul do país, da Madeira e dos Açores. E também do Bloco de Esquerda, de muitos cidadãos independentes que se reconhecem nesta candidatura”. Mas o candidato, reafirmou, não está “refém” dos partidos, como “acontece” com Cavaco, “um candidato de facção”. . “Sou um homem livre, um candidato independente”, afirmou.
In Público, Maria José Oliveira,13.01.2011
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